sexta-feira, 27 de novembro de 2015

REVELAÇÃO DIVINA

REVELAÇÃO DIVINA
Salmos 19.1-14; Efésios 3.1-13; 2 Timóteo 3.14-17; Hebreus 1.1-4

Tudo o que sabemos sobre o Cristianismo nos foi revelado por Deus. Revelar significa “tirar o véu”. Tem a ver com remover a cobertura e descobrir algo que está encoberto.
Quando meu filho era pequeno, nossa família desenvolveu uma tradição anual para comemorar seu aniversário. Em vez da prática geral de entregar os presentes, fazíamos isso por meio da nossa versão caseira do programa de televisão “Vamos Fazer um Trato”. Eu escondia os presentes destinados a ele, por exemplo, dentro de uma gaveta, debaixo do sofá ou atrás de uma cadeira. Então lhe dava algumas opções: “Você pode ganhar o que está na gaveta da minha escrivaninha ou o que está no meu bolso”. O ponto principal do jogo era o “grande trato do dia”. Eu colocava três cadeiras, uma ao lado da outra, cada uma delas coberta com um lençol. Cada lençol encobria um presente. Na primeira cadeira colocávamos um presente simples, na segunda o presente principal que ele iria ganhar e sobre a terceira uma muleta que ele havia usado quando quebrou a perna aos sete anos de idade.
Meu filho escolheu a cadeira com a muleta por três anos consecutivos! (No final, sempre permitíamos que trocasse a muleta pelo presente.) No quarto ano, estava determinado a não escolher mais a muleta. Desta vez, eu escondi o presente principal junto com a muleta, na mesma cadeira, e deixei a ponta da muleta aparecendo por baixo do lençol. Ao ver a ponta da muleta, meu filho evitou cuidadosamente aquela cadeira. Ganhei de novo!
A parte mais divertida da brincadeira era tentar adivinhar onde o presente estava escondido. Tratava-se contudo de um trabalho de mera suposição, pura especulação. A descoberta do verdadeiro tesouro só podia ser feita depois que o lençol era removido e o presente ficava exposto. O mesmo acontece com o nosso conhecimento de Deus. A especulação fútil sobre Deus é mera tolice. Se queremos conhecê-lo de verdade, temos de depender daquilo que ele revela sobre si mesmo.
A Bíblia declara que Deus se revela de várias maneiras. Manifesta sua glória na natureza e por meio dela. Revelou-se nos tempos antigos por meio de sonhos e visões. As marcas da sua providência se manifestam nas páginas da História. Revela-se nas
Escrituras inspiradas. O ponto mais alto da sua revelação é visualizado em Jesus Cristo, tornando-se ser humano — o que os teólogos chamam de “encarnação”.
O autor da Carta aos Hebreus escreveu: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo”. (Hebreus 1.1,2) Embora a Bíblia fale das “diversas maneiras” em que Deus se revela, distinguimos entre dois tipos principais de revelação — a geral e a especial.
A revelação geral é chamada assim por duas razões: (1) ela é geral no conteúdo e (2) é revelada para uma audiência geral.
Conteúdo geral
A revelação geral nos proporciona o conhecimento de que Deus existe. “Os céus proclamam a glória de Deus”, diz o salmista. A glória de Deus é manifesta nas obras das suas mãos. Essa manifestação é tão clara e visível que nenhuma criatura pode deixar de percebê-la. Ela revela o poder eterno de Deus e sua divindade (Rm 1.18-23). A revelação na natureza, porém, não proporciona uma revelação plena de Deus. Não nos dá informações sobre o Deus Redentor que encontramos na Bíblia. O Deus que se revela na natureza, entretanto, é o mesmo Deus que se revela na Bíblia.
Público geral
Nem todas as pessoas no mundo já leram a Bíblia ou ouviram a proclamação do Evangelho. A luz da natureza, porém, brilha sobre todos, em todos os lugares, em todo o tempo. A revelação geral de Deus acontece diariamente. Deus nunca fica sem um testemunho de si mesmo. O mundo visível é como um espelho que reflete a glória do seu Criador.

O mundo é um palco para Deus. Ele é o ator principal, que aparece em primeiro plano e no centro. Nenhuma cortina pode fechar-se para obscurecer sua presença. Basta um olhar de relance na criação para se perceber que a natureza não é sua própria mãe. Não existe a tal “Mãe Natureza”. A natureza em si mesma não tem poderes para produzir qualquer tipo de vida. A natureza, em si, é estéril. O poder de produzir vida reside no Autor da natureza — Deus. Colocar a natureza como a fonte de vida é confundir a criatura com o Criador. Todas as formas de adoração da natureza, portanto, são atos de idolatria e abomináveis para Deus.
A luz da força da revelação geral, todo ser humano sabe que Deus existe. O ateísmo envolve a negação total de algo que é reconhecido como verdadeiro. Por isso a Bíblia diz: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (SI 14.1). Quando as
Escrituras tratam tão severamente o ateu, chamando-o de “insensato”, elas estão fazendo um julgamento moral dele. Ser insensato, em termos bíblicos, não significa ter pouco entendimento ou falta de inteligência; é ser imoral. Como o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, assim a negação de Deus é o máximo da loucura.
Semelhantemente, o agnóstico nega a validade da revelação geral. () agnóstico, porém, é menos berrante que o ateu. Ele não nega terminantemente a existência de Deus. Pelo contrário, ele declara que as evidências são insuficientes para se decidir de uma maneira ou de outra quanto à existência de Deus. Prefere suspender seu julgamento, deixando o tema da existência de Deus uma questão em aberto. A luz da
clareza da revelação geral, entretanto, a posição do agnosticismo não é menos abominável para Deus do que a do ateísta militante.
Para qualquer pessoa, porém, cuja mente e coração estão abertos, a glória de Deus é maravilhosa de se ver — desde os bilhões de universos no firmamento, até as partículas subatômicas que formam a menor das moléculas. Que Deus incrível nós servimos!
Sumário
1. O cristianismo é uma religião revelada.
2. A revelação de Deus é uma automanifestação. Ele remove o véu que nos impede de conhecê-lo.
3. Não podemos conhecer a Deus por meio de especulação.
4. Deus se revelou de várias maneiras ao longo da História.
5. A revelação geral é comunicada a todos os seres humanos.
6. O ateísmo e o agnosticismo são baseados na negação daquilo que as pessoas sabem ser a verdade.
7. A insensatez tem por fundamento a negação de Deus.
8. A sabedoria tem por fundamento o temor de Deus.
Sproul R. C, Verdades Essenciais da Fé Cristã, pp. 4 a 6, 1º Caderno, Editora Cultura Cristã, São Paulo, SP

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